Com desemprego em alta, você com certeza conhece alguém que está desempregado ou que perdeu emprego recentemente.
Combustíveis em alta (começando a cair o preço com a aprovação do teto de 18% e ICMS) e com inflação dos alimentos e medicamentos a saída das famílias foi buscar alternativas de tirar o mínimo para seu sustento ou complementar a renda.
Por onde se olha no centro da cidade e em cada esquina, você vê uma pessoa ou as vezes famílias aproveitando a pouca circulação de pessoas nas ruas para venderem seus produtos.
Desde salgados, passando por peixes, pães e frutas, eles estão lá, tentando vender seus se destacar, sem medo da concorrência dos estabelecimentos comerciais tradicionais, supermercados, lanchonetes e padarias.
Isso sem contar os vendedores ambulantes de ovos, churros, verduras, roupas e etc.
Na esquina das ruas Amador de Paula Bueno e São João, o motorista desempregado de 62 anos, Pedro dos Santos vende seus pescados.
Ele conta que com o início do inverno, precisou mudar de ramo e que iniciou a venda de peixes há duas semana.
“Eu vendia sucos e água de coco na represa e com o tempo frio, não vende. Chego aqui as sete da manhã. Tem dia que vende, dá para ganhar R$ 50. Tem dia que não vende nada”, disse ele.
Pedro disse que trabalhava de motorista em uma usina e com o início da pandemia, por ter mais de 60 anos, era considerado grupo de risco e não conseguiu mais ser contratado.
“Estou esperando a aposentadoria e venho aqui para o ponto para ganhar o que comer e para não ficar parado”.
Casado, e com dois filhos (um ele perdeu com 36 anos devido ao um mieloma), Pedro busca peixes frescos duas vezes por semana em cidades nas cidades Barbosa e Buritama.
O desemprego no Brasil hoje atinge mais de 10 milhões de pessoas segundo os números divulgados na última quinta-feira (30) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) aponta que a taxa de desocupação ficou em 9,8% no trimestre móvel encerrado em maio.
Monte Aprazível tem, segundo estimativas do IBGE tem 25.651 habitantes.
Não há estatísticas sobre desempregados na cidade, mas se levarmos em conta o percentual de 9,8 % da população desempregada no Brasil e quantidade de eleitores, que somam 15.787, chegamos ao número de 1.547.
Esta seria a quantidade de pessoas desempregadas? Talvez não, mas pode estar perto.
O ex-açogueiro Carlos Roberto da Silva, de 60 anos está a um ano vendendo laranjas no cruzamento das ruas Osvaldo Cruz e São João.
Ele conta que trabalhava em um supermercado, caiu e a queda provocou uma hérnia de disco. Foi demitido, tenta na justiça receber seu acerto e aguarda concessão de aposentadoria por invalidez.
Enquanto isso, chega às sete da manhã todos os dias para garantir o ponto.
“Tem dia que chego e tem carro estacionado e preciso procurar outro lugar. Tem dia que vende bem, mas tem dia não vende nada Já formei uma freguesia”, disse.
Além das despesas da casa, Carlos tem outra despesa. Com o litro da gasolina custando mais de R$ 7, ele ainda tem essa despesa para ir almoçar e voltar para o ponto.
Rosangela Stival, o marido Sinésio Stival e as três filhas decidiram ir pra rua, literalmente. Há dois anos eles vendem salgados para festas e bares.
Começaram a vender no mesmo ano que se iniciou a pandemia de Covid-19. As festas pararam e precisaram buscar outros compradores das suas coxinhas de mandioca.
Conseguiram. Supermercados de Monte Aprazível e outras cidades se interessaram pelo produto.
Há 3 meses, Rosangela conta que pensou em alugar um ponto comercial para vender seus salgados.
“Pensamos também em montar uma barraca na feira. Compramos todos os equipamentos: freezer, fritadeiras, estufa e carreta para transporte. Deus nos iluminou, vimos a esquina e decidimos montar aqui”, conta ela.
Procuram prefeitura, vigilância sanitária e pediram autorização ao Padre Rafael, para usar o espaço da praça da Matriz.
Hoje a família vende seus salgados na rua Brasil esquina com a 26 de Maio, um dos cruzamentos mais movimentados da cidade. De segunda a sábado, eles têm a tarefa de chegar cedo montar o ponto de vendas e desmontar no final do dia.
“O cheiro de fritura na rua atrai os consumidores que estão nas lojas ou passando por aqui”, conta ela.
Rosangela disse que mesmo com a vacinação e a diminuição dos casos de covid, as pessoas estão optando em ficar em locais abertos e isso, segundo ela, tem favorecido as vendas.
“Ninguém quer ficar em local fechado”, diz ela.
Com a volta das festas, ela diz que as vendas de salgados estão voltando e tiveram que contratar uma funcionária para dar conta dos pedidos.
Claudemir Aparecido Gomes, 59 anos, se instala todos os dias na rua São João, esquina com a Amador de Paula Bueno. Ele coloca uma toalha de renda sob uma mesa de metal e em cima de todos, seus pães caseiros.
Produzidos por ele, Claudemir conta que não pode mais trabalhar e aguarda concessão de sua aposentadoria.
Ele trabalhava como pedreiro. Precisou passar por usa cirurgia para tratar de um coágulo na cabeça e desde então não pode mais exercer seu trabalho de mais de 40 anos.
Para ajudar sua esposa Maria Donizeti a pagar as contas da casa, ele fez cursos de panificação e começou a vender pães em casa.
“Vendia somente por encomenda, mas era pouco. Há duas semanas, comecei a ficar aqui. Vendo cerca de 10 pães por dia, as vezes menos, a R$ 10 cada. Tem uma senhora que vem todo dia buscar. As meninas da OAB e da farmácia também”, disse Claudemir.