Quando a Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2020 declarou estado pandêmico pela Covid-19, muito acharam que tudo não passava de uma gripe.
A doença chegou ao Brasil, mas somente em março, após o carnaval, estados como São Paulo começaram a adotar medidos sanitárias para conter a doença.
Com isso, festas e eventos marcados para aquele ano começaram a ser cancelados. Alguns foram remarcados para dois ou três meses, talvez achando a doença iria acabar rápido, e não acabou.
E quem trabalhava somente com eventos, naquela época, se viu em desespero, pois seus clientes começaram a cancelar as datas agendadas e, em alguns casos, pedindo dinheiro já pago para buffets, DJs, fotógrafos e outros prestadores de serviço deste ramo da economia.
A saída para muitos foi buscar alternativas para conseguir por comida na mesa.
O casal Ana Marta e Rafael Souza trabalha com festas há 16 anos. Eles só recebem dos clientes 15 dias antes da festa e por isso, não tiveram que devolver valores de pagos de festas agendadas.
Ana conta que no período em que as festas não eram permitidas, eles começaram a vender assados, farofas, polpas e linguiças artesanais.
“Como já trabalhamos com comida, fazíamos pratos por encomenda de amigos ou então vendíamos na feira. Passamos por um período que não foi pior porque sou professora e tenho salário fixo”, disse Ana.
Há 18 anos trabalhando no ramo de festas, Bruno Lopes se viu obrigado tomar o caminho de volta para casa com o início da pandemia.
As festas agendadas foram adiadas ou remarcadas e como ele já havia recebido uma parte do pagamento, durante um tempo conseguiu se manter.
“Minha outra atividade (professor de biologia) ficou parada. Morava sozinho em São José do Rio Preto e precisei voltar para a casa dos meus pais e tive o auxílio emergencial negado. O caminhão que uso para transportar meus equipamentos passou a fazer pequenos fretes para conseguir pagar as contas”, disse Bruno.
Antes da pandemia, Bruno conta que tinha 22 contratos fechados. A maioria remarcou e com volta das festas e eventos, faltam 10 para serem cumpridos e somente um foi cancelado e precisou devolver os valores pagos com correção.
Três anos para retorno
Com a retomada das atividades econômicas, as festas e eventos estão voltando. Já tivemos este ano o Juninão e Monte Aprazível Rodeio Festival acontecerá de 10 a 13 de agosto.
Mesmo com esta abertura para realização de eventos, a retomada para o setor que foi o primeiro a parar e último voltar a trabalhar a todo vapor está bem diferente que há dois anos.
O custo para se realizar um evento aumentou.
Ana e Bruno contam que o custo para se realizar um evento hoje são diferentes do período pré-pandemia.
“Antes da pandemia se fazia festas para 300 pessoas. Hoje são no máximo 100 convidados. Comida, bebida mão de obra, tudo ficou mais caro. Antes nós entregávamos a festa pronta. Da decoração ao doce. Hoje, para facilitar para o cliente, ele pode comprar parte do que será consumido como bebidas, doces e decoração ou então, no caso dos alimentos, ele compra e nos paga pela mão de obra de preparo, garçons e etc. Tivemos que nos adaptar a nova realidade”, disse Ana.
Bruno Lopes afirma que como tudo aumentou e ele já tinha muitos contratos fechados, o reajuste se torna difícil.
“Contratos antigos não podem ser reajustados, mas, tudo subiu. Combustíveis, alguns materiais que alugo, mão de obra para carga, montagem e descarga dos equipamentos e alimentação antes do evento. Alguns clientes tem consciência e reajustam”, disse Bruno.
A médica Laís Larrubia realizou o sonho do casamento neste ano. Ela disse que fechou o contrato com fornecedores do seu casamento com o locutor de rodeios Umberto Junior durante a pandemia.
Ela disse que convidou todas as pessoas importantes que o casal queria para compartilhar o momento, mas teve uma surpresa perto da data marcada.
“Fechamos nossos contratos no auge da pandemia e muitos fornecedores, para fechar deram descontos, pois pouca gente estava contratando. Trinta dias antes, alguns fornecedores reajustaram os orçamentos em 10% devido a alto dos preços de alguns produtos da festa”
Mesmo com abertura, Bruno afirma que só está cumprindo os contratos e que o fechamento de novos contratos está reduzido.
Ambos os entrevistados afirmam que o ritmo da retomada será lento e só voltará à níveis pré-pandemia em dois ou três anos.
“O custo aumentou e a concorrência também. A pessoa que vai fazer um evento e quer som faz muita pesquisa. O público de classe média sumiu. Novos contratos somente com clientes de alto poder aquisitivo, que continuam fazendo festas, mas com menos convidados”, ressalta Bruno.
“Acredito que para voltar como estava vai demorar três ou quatro anos. Uma pessoa que fez quinze anos ou bodas no meio da pandemia, é mais difícil comemorar esta data que é marcante. Casamento puderam ser adiados e remarcados. Custo aumentou e as festas ficaram menores e tivermos que nos adaptar”, disse Ana.