Estamos em 2022 e não é recente que a política e o futebol se atraem, muitas vezes chegam a se misturar e em algumas, até se fundem.
Ao torcedor que acompanha as Copas desde o tri, no México, lembra-se muito muito bem da última rodada da segunda fase da Copa de 1978, onde Brasil e os anfitriões Argentinos chegaram empatados nos pontos.
A seleção canarinho tinha vantagem no saldo de gols. Já nossos “Hermanos” precisavam de uma diferença de 4 gols.
Brasil jogou primeiro e a Argentina empurrou 6 a 0 no Peru, que tinha um goleiro argentino naturalizado peruano, além de forte influência da ditadura de Jorge Videla, que segundo os “influencers” da época enviou um carregamento de café ao país vizinho em agradecimento ao favor.
Fato este que levou a FIFA, já na copa seguinte a realizar os últimos jogos da fase de grupo em horários idênticos. Deixamos de lado os jogos olímpicos de 1936 e também a demissão de João Saldanha, o João sem medo, por não contar com a simpatia de Garrastazu Médice.
Transpassado fatos históricos, chegamos aos dias atuais, onde pela primeira vez na história uma Copa do Mundo é realizado no fim do ano. Coincidentemente eleições gerais e a principal competição de seleções ocorrem no mesmo ano, sempre nos pares a cada 4 anos.
É de conhecimento que tivemos a disputa mais polarizada da República no último pleito, encerrado em 30 de outubro.
Nunca antes houve uma divisão tão grande de brasileiros, onde vimos brasileiros contra brasileiros. Nem um Corinthians e Palmeiras, Flamengo e Fluminense, ou Grenal do fim do mundo foi tão oposto.
Nem um mês depois do que deveria ser o fim de toda e qualquer disputa eleitoral, tem-se início a Copa do Mundo lá no Oriente Médio e de Copa a gente entende, neste momento é que todos viram um só, uma só força, um só ritmo, sempre foi assim desde o primeiro mundial em 1930 no Uruguai, grandes alegrias, grandes abraços no Penta.
“Em 58, com Pelé, em 62 com o Mané em 70 o esquadrão em 94 Romário e 2002 Fenômeno!!!”
Licença poética concedida, enxergamos com muita tristeza fortes ofensas e ataques a Neymar, com muitos brasileiros comemorando e celebrando a contusão, pelo fato deste ter sido apoiador do Presidente e candidato derrotado Jair Bolsonaro.
Neymar é exponencial do futebol brasileiro desde 2010, um menino “polemico” da vila, mas que se dedica a trazer alegria aos torcedores brasileiros.
Menino que teve que virar adulto muito cedo, que sofreu sérios ataques e que todos nós choramos com sua contusão em 2014 e que muita falta fez no fatídico 7 a 1 no “Minerazo”.
Tão desprezível foi o ataque proferido a lenda da música popular brasileira, o BRASILEIRISSIMO, Gilberto Gil e sua esposa Flora Gil no estádio Lusail em solo Catari, palavras de baixíssimo calão, que o deixaram visivelmente constrangido, novamente pelo fato deste haver apoiado o ex-presidente e candidato eleito Lula.
Logo ele, que enfrentou a ditadura militar, foi exilado, dono de inúmeras canções que nos inspiram no dia-a-dia, aquele que lá em 1967 quando faturou o 2º lugar do festival de MPB já havia feito muito mais que seus agressores o fizeram até hoje.
Que isso fique no passado e que cessem os ataques, tanto a “Bolsonaros”, quanto a “Lulas”, enfim, somos uma democracia de direito.
Que sejamos um só coração, que voltemos a ser um só Brasil, num só ritmo, que possamos aproveitar a Copa no ritmo do Olodum, do Frevo, dos bonecões de Olinda, daquele abraço no Vale do Anhangabaú, aquela alegria na Praia de Copacabana, afinal, já somos 215 Milhões em Ação! Pra frente Brasil, salve a seleção!!
Que a política e o futebol possam seguir seus caminhos, mas cada um seu canto, pela convivência harmônica de TODOS.
Sobre o Autor
Diego Rossini é Bacharel em Direito, Especialista em Administração Pública, Funcionário Público há 14 anos e colunista na Rádio Difusora Aparecida desde janeiro de 2017.
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