ADVOGADO DE PROFESSOR que atropelou manifestantes diz que cliente foi atacado

O professor Israel Lisboa Junior, que atropelou de manifestantes que bloqueavam a Rodovia Washington Luís, em Mirassol, no última quarta-feira (02) disse que seu pé escapou da embreagem depois de um manifestante puxou seu pescoço para trás.

A versão do motorista foi dada durante a audiência de custódia, que na tarde de ontem resultou na conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva.

O atropelamento deixou 17 pessoas feridas, duas delas em estado grave.

Segundo o advogado aprazivelense João Carlos Zanin, Israel, que é professor de inglês de crianças e adolescentes, contou que precisava comprar uma fantasia para uma festa que aconteceria na escola em que trabalha.

Como sua mãe teria passado mal em razão de uma hérnia de disco, o professor decidiu sair mais cedo de casa para levá-la ao hospital, quando se deparou com o bloqueio na rodovia Washington Luís.

Depois de pedir passagem e se desentender com os manifestantes, Israel, segundo seu depoimento, disse ter sido chamado de “bixa” e “petista” antes de receber um puxão no pescoço, resultando no acidente”, diz o advogado.

Ele disse que levou um puxão no pescoço, o corpo foi para trás, o pé escapou da embreagem e o carro acelerou. Repara no vídeo que depois do atropelamento, ele freia”, disse o João Carlos.

Ainda segundo o advogado, Israel negou que seja um militante do PT. “Ele disse que não é um apoiador do Lula; declarou que nunca se manifestou em rede social porque tem alunos crianças”, disse. “Ele até repreende os alunos que entram em discussão política.”

Ele é pessoa boa e honesta e seu sonho é se especializar para dar aulas para crianças autistas” – João Carlos Zanin Advogado

Nesta quinta-feira (03), a Polícia Civil afirmou ao UOL que Israel havia relatado agressão e xingamentos. “Esse foi o depoimento dele. A veracidade das declarações serão investigadas”, disse o plantão policial. “Não sabemos se ele foi agredido antes ou depois do atropelamento.”

Habeas Corpus

Após decisão judicial de manter Israel preso, sua o advogado João Carlos Zanin ingressou com habeas corpus pedindo a liberdade.

Em audiência de custódia realizada na manhã desta quinta-feira, no Fórum de Rio Preto, o juiz Lincoln Augusto Casconi decidiu Israel preso.

Na decisão, o magistrado disse que é necessário investigar a real intenção do motorista, por se tratar de fato relacionado a divergências políticas, uma vez que os manifestantes protestavam contra o resultado das eleições, e que a obstrução da pista estava proibida pela Justiça.

“Tratou-se fato de repercussão nacional, pois o ilícito ocorreu em âmbito de manifestação política, o qual por essa razão deverá ainda ser objeto de melhor apuração dos fatos, inclusive para a apuração da real motivação da conduta do autuado, assim como das vítimas que se encontravam no local, pois em tese, estas últimas também participavam de um movimento por ora reconhecido como ilegal, por haver determinação do Supremo Tribunal Federal, para o desbloqueio de vias públicas”.

João Carlos espera que seu pedido de liminar (provisório) seja julgado no começo da semana que vem. Se o juiz não conceder a liminar, o motorista ficará preso até o final do processo.

No pedido, que está sendo julgado a 14ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo, ele argumenta que em certos momentos o indivíduo que supostamente tenha sido investigado ou até mesmo acusado de ter cometido um crime, não era culpado.

“ Mas, a opinião pública até tratava o indivíduo, que supostamente tenha cometido a infração, como se culpado fosse. Por essa razão, a gravidade da imputação, isto é, a brutalidade de um delito que provoca comoção no meio social, gerando sensação de impunidade e descrédito pela demora na prestação jurisdicional, não pode por si só justificar a prisão preventiva”, diz trecho do pedido de habeas corpus.

Saúde

Duas das 17 vítimas estão internadas no estado grave o Hospital de Base de Rio Preto. As duas meninas, de 11 e 12 anos, também saíram feridas. Elas se feriram durante o tumulto provocado pelo atropelamento, quando sofreram escoriações, como ralados pelo corpo e galos na cabeça.

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