Os órgãos saúde, estadual e federal, começaram a alertar as prefeituras de todo o Brasil para possibilidade de surtos de dengue. A cidade de São José do Rio Preto (SP), por exemplo, ocupa a quarta colocação em ranking nacional entre os municípios com mais casos de dengue com 2.477 casos prováveis superada por Goiânia (GO), Brasília (DF) e Palmas (TO)
Das 7 da noite de domingo (27) as 7 da noite de segunda-feira (28) foram feitos na Santa Casa de Monte Aprazível 243 atendimentos, 90% deles com suspeitas de dengue.
Em entrevista à Rádio Difusora Aparecida nesta terça-feira (29), Flávia Sonego, enfermeira chefe da Santa Casa de Monte Aprazível disse que a instituição atende pacientes da cidade e da região, não só para dengue mas, para de outras patologias, inclusive urgências e emergências.
“A demora acontece pelo grande número de atendimentos. Temos dois médicos para atender a população de Monte Aprazível, Nipoã, Poloni e União Paulista. Quando chega emergência, temos que parar e o atendimento vai demorar. Isso é normal em hospitais como a Santa Casa. Pedimos a compreensão da população”, disse Flávia
Dados do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) do Estado de São Paulo mostram que de janeiro a março de 2022 (até o dia 14), os casos notificados de dengue em Monte Aprazível aumentaram 200% em relação a 2021. Foram 198 casos (até o dia 14/03) contra 66 durante todo o mês de 2021. No mesmo período, os casos confirmados aumentaram 222,22%, com 58 durante todo o mês de março de 2022 e 18 em 2021.
Em 2019, de janeiro a março foram notificados 410 casos, 89 em 2020, 66 em 2021. Durante todo o ano de 2019 foram confirmados 1094 e notificados 1352. Em 2020, os casos notificados e confirmados caíram para 203 e 85 respectivamente. Ver quadro abaixo.
Para tentar frear a proliferação, a equipe de Controle de Vetores do Município tem se limitado realizar nebulizações e visitas casa-a-casa com 6 agentes. Segundo o Ministério da Saúde, cada agente de Controle é responsável por vistoriar 1000 casas.
De acordo com a assessora de Saúde Juliana Alcazas, não há, por enquanto, previsão para realização de concurso ou processo seletivo para contratação de agentes de vetores.
“Eu acredito que se tivesse mais, seria melhor, principalmente na fase que estamos. Estamos vendo uma maneira de contratar mais, mas não é para agora. Pode ter 100 agentes, mas serão insuficientes se a população não fizer sua parte”, disse Juliana.
Diante da demora nos atendimentos dos pacientes chegam na emergência a Santa Casa com suspeita de dengue (dois médicos atendem no local), Juliana disse que por enquanto não vê a necessidade de se criar uma unidade de hidratação para atender somente casos de dengue.
“Nós pagamos para a Santa Casa o serviço de urgência e emergência. Sabemos do momento crítico e o paciente com dengue fica fraco e quer tomar soro. E nenhum momento não fui procurada para abrir uma nova unidade. Já pagamos urgência e emergência justamente para isso. Não sabemos se o momento é propício. Teríamos que arrumar salas, equipes e materiais. Não é simples de se montar. Estamos abertos para a conversa”, disse Juliana.
Local dos casos
Os casos dengue no centro da cidade tem preocupado a assessora de Saúde Juliana Alcazas. Segundo ela, há registros em toda a cidade, mas no centro, os agentes tem encontrado larvas em piscinas e em outros locais.
“Temos os agentes comunitários de saúde e os agentes de endemias. É hora da população se unir. Dengue não é só um problema de saúde, é também um problema social. Muitas vezes os moradores não abrem as casas para vistoria dos agentes ou não deixam eles entrarem e isso dificulta o trabalho deles. Estamos fazendo de tudo para combater a dengue. Gostaria de contar com a colaboração dos moradores. A dengue é tão séria quanto a covid, inclusive com mortes na região”, disse Juliana.
Em anos de surtos de dengue, a prefeitura realizava arrastões de limpeza, contratando pessoas para retirada de tudo que podia servir de criadouro para o Aedes. Não há previsão de se realizar o arrastão e somente o Cidade Limpa no mês de abril, um parceria com uma emissora de TV.
CASOS DE JANEIRO A MARÇO – FONTE CVE
ANO | NOTIFICADOS | CONFIRMADOS | IMPORTADOS |
2022 | 198 | 58 | 6 |
2021 | 66 | 18 | 0 |
2020 | 89 | 43 | 5 |
2019 | 410 | 356 | 1 |
CASOS DE JANEIRO A DEZEMBRO – FONTE CVE
ANO | NOTIFICADOS | CONFIRMADOS | IMPORTADOS |
2022 | 198 | 58 | 6 |
2021 | 291 | 121 | 15 |
2020 | 203 | 85 | 8 |
2019 | 1.352 | 1.094 | 4 |
Divergência
Na semana passada, a Vigilância Epidemiológica da Prefeitura divulgou que foram confirmados no mês de janeiro deste ano 4 casos e 22 em fevereiro. Porém, os dados do CVE mostram outros números: 5 casos em janeiro e 25 em fevereiro.
Até a última quarta-feira (23), de acordo com dados da Vigilância Epidemiológica da Prefeitura, foram notificados 144 casos. Dados da CVE mostram 99 notificações.
A enfermeira Érica Silva, chefe da Vigilância Epidemiológica de Monte Aprazível disse que os números divergem devido ao uso de sistemas diferentes de notificação. Segundo ela, o município usa SINAN (Sistema de Informação de Agravos de Notificação), sistema em que todos estabelecimentos de saúde (particulares e públicos) tem que alimentar com dados de pacientes suspeitos e confirmados com dengue.
Essa divergência, segundo Érica, se deve falta de preenchimento das planilhas obrigatórias.
“A notificação tem que ser feita em todo ambiente de saúde. Como o fluxo aumentou, a Santa Casa não preenche mais as fichas de notificação e somente informa o nome dos pacientes atendidos e a data do início dos sintomas e se os dados estiverem incompletos, não é possível alimentar o sistema. Se o paciente saiu da Santa Casa e não estiver mais os sintomas, ele deveria procurar a Vigilância Epidemiológica para fazer o exame sorológico ou para receber a notificação e por isso os números divergem”, disse Érica.
Combate
O coordenador de Vigilância em Arboviroses do Ministério da Saúde, Cássio Peterka, disse a Agência Estadão que a principal ação de combate à dengue é reduzir os focos de água parada, evitando a proliferação do mosquito transmissor.
Peterka disse que, por conta das restrições da pandemia, os trabalhos de porta em porta dos agentes comunitários só foram retomados no segundo semestre de 2021. A pasta adotou novas metodologias, incluindo inseticidas de origem biológica para controle do Aedes aegypti.