DO AÇOUGUE PARA as arenas de rodeio; conheça a história de Nelson “Bola” Monteiro

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A busca por um sonho, em muitos casos, começa de criança. Quem nunca teve um sonho na infância e por consequências do destino, deixou ele de lado, mas não totalmente esquecido. É o que está acontecendo com Nelson Roberto Monteiro.

Mais conhecido como Bola do Açougue ou Bola Monteiro, nasceu em 20 de dezembro de 1982. Com 11 anos de idade, o menino baixinho e gordinho desde criança – motivo do apelido, que aliás, aceita numa boa – começou a trabalhar como entregador na Casa de Carnes do Daíno, coincidência ou não, a 200 metros do Clube dos 22.

Faltando alguns dias para o início do Monte Aprazível Rodeio Festival, o açougueiro (sem nenhum demérito pela profissão) e empresário Bola Monteiro, recebeu o convite que sonhava desde pequeno, quando ainda estava na escola: de narrar um rodeio profissional em Monte Aprazível, a sua casa.

“Desde os seis anos, eu ficava na sala de aulas narrando versos de rodeio (tão tradicionais no início das festas). Minha mãe teve ir várias vezes na escola, pois eu ficava narrando e tirava a atenção dos alunos e da professora”, conta.

Com o slogan, “Aperta e não bambeia”, uma referência ao rito que o peão faz antes de abrir a porteira, o que melhorar o desemprenho no lombo de animais que pesam mais de meia tonelada, sai o empresário e entra o narrador Nelson Monteiro.

Gutierrison, Luis Gustavo e Nelson Monteiro: equipe formada e pronta para o MARF 2023

No ano passado, ele foi convidado para narrar três montarias, graças a um pedido do prefeito Márcio Miguel feito ao Clube dos 22. Prestes a completar 41 anos, o agora narrador de rodeio Nelson Monteiro se prepara para narrar as montarias do Monte Aprazível Rodeio Festival (MARF), junto com os narradores oficiais da festa: Umberto Jr, Della Morena e Gustavo Pereira.

“É gratificante e é o reconhecimento do trabalho que eu e o DJ Gutti temos feito na região. O Clube dos 22 olhou com carinho e acreditou no meu trabalho. Fiquei muto emocionado e recebi muitas palavras de incentivo quando a comissão me anunciou como narrador oficial. Agradeço demais a oportunidade e venho para somar”, disse.

Nelson conta que a primeira vez que entrou em uma arena para narrar um rodeio foi na Arena Sem Limite, do Maxwell Soler, há 15 anos. Depois disso, participou de desafios e rodeios amadores.

De agosto de 2022 até hoje, Nelson viu sua vida mudar. Graças ao amigo e DJ Gutierrison Pazeto, que foi o seu grande incentivador, os dois embarcaram na aventura de narrar na região desafios, rodeios amadores e caça talentos.

“No começo, ele queria, tinha vontade de estar no rodeio, mas não tinha DJ. Eu disse que tocaria, mas ele ficou preocupado, pois não tinha como pagar o meu cachê e disse montaria os equipamentos e tocaria para ele, sem problemas”, disse Gutierrisson.

De lá para cá, narrou rodeios em Nipoã, José Bonifácio, Tabapuã e no caça talentos que o empresário Paulo Emílio realiza em sua fazenda na cidade de Icêm. Nelson conta que já recebeu convites para narrar em outras festas da região nos próximos meses.

A luta de Nelson Monteiro é igual a de muitos jovens que sonham em estar em uma arena de rodeio. Ele conta que já fez investimentos na compra de microfone sem fio, retorno, além do visual com chapéus, botas e roupas do estilo. Seu DJ também investiu e mixer, notebook e músicas.

“Nas festas que narrei com a equipe, não ganhamos nada. Só pedimos a oportunidade de mostrar nosso trabalho e mesmo assim, é difícil o pessoal acreditar no trabalho e abrir as portas. Tem vários locutores que querem a mesma oportunidade que nós buscamos. Por enquanto, não recebemos nada. Estamos tendo as oportunidades graças aos amigos que estamos conhecendo nas festas e pessoas que acreditam em nosso trabalho. Estamos plantando agora para colher depois”, disse Nelson.

Além de contar com o companheiro DJ Guti, Nelson também levou o sobrinho para o mundo dos rodeios. Luis Gustavo Monteiro, de 18 anos, atua como auxiliar de pista. Ele que pesquisa tudo sobre os peões, tropas, boiadas e monta as fixas para que o trabalho do narrador não fique resumida a relatar o que acontece no momento da montaria.

Com tanta concorrência na área, tanto para DJ como para narrador, Guti ressalta que mesmo com tantas dificuldades e a pessoa que acreditem no potencial, Nelson Monteiro não se abala e segue em frente.

“Ele é um cara que merece, humilde. A felicidade dele é estampada quando tá narrando. Não liga, não se importa se as pessoas desfazem dele. Isso não o abala. É uma pessoa que merece ter o apoio de toda a cidade para ter o espaço”, disse Guti.

Para conciliar o sonho de se tornar um narrador profissional e o dia-a-dia de empresário, Nelson afirma que ainda não pode deixar de lado a profissão que começou com 11 anos. Segundo ele, todas as festas que participa não tem cachê e narra mesmo pela paixão que tem pelos rodeios.

“Tenho um funcionário que me ajuda aqui. Quando narrei em Tanabi, há um mês, terminei minha participação as três da manhã e no dia seguinte, as sete da manhã estava abrindo o açougue. Ainda não dá, mas sonho em um dia viver somente da narração”, disse Nelson.

Referências

A maior inspiração para Nelson é o também aprazivelense Umberto Jr. “O filho da nossa terra, um narrador completo, 100% é o Umberto Jr. Tem outros muito bons: Almir Cambra, Claudinei Mathias, muito bom nas aberturas. Tem muitos profissionais, que tem espaço muito grande, para ficar de olho e poder se espelhar. São pessoas que sonharam, como eu, e venceram”, disse Nelson.

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