A votação para aprovação do piso salarial da enfermagem e aumentos para algumas funções da prefeitura expôs algumas rachaduras na administração do prefeito Marcio Miguel (PSDB).
Primeiro, pela escolha de algumas funções para receberem aumentos, que podem chegar a 280%, em detrimento de outras. O prefeito tem dito que está arrumando a casa aos poucos.
Um parêntese
Antes que alguém diga, o MR Notícias ou, o MM, (entendedores entenderão) não é contra o aumento de nenhum servidor. Todos merecem ter salários altos, e cargos/funções, são exercidos por pessoas e não temos nada contra qualquer servidor.
A questão é: por que uns tiveram mais, outros tiveram pouco e outros não tem nada? Tiveram 10,06% de reposição da inflação em março deste ano.
Dobrado
No almoxarifado, por exemplo, onde boa parte da população recorre para resolver problemas do cotidiano, como recolhimento de galhos e limpeza da cidade e os serviços são pesados e duros, nenhum dos assessores ou chefes teve reajustes com esta lei aprovada.
Já na função de chefe de gabinete, o salário base saltou de R$ 2.772,25 para R$ 7.825,25 (aumento de 282,27%) e na função de coordenador do CCI (Centro de Convivência do Idoso) que terá 100% de gratificação sob o salário base.
Para inglês ver
Segundo que, entre seus assessores, até aqueles que foram beneficiados ou que tem vencimentos considerados bons, o aumento não pegou bem, conforme a coluna adiantou há alguns dias.
Soma-se a estes fatores, a eleição que se aproxima. Um desses assessores confessou ao MR Notícias, que adesivou o carro a pedido do prefeito mas, que vai repensar seu voto (nos deputados), por não ter recebido presente de Natal.
Meia-boca
Na tribuna da Câmara, vereadores como Luiz Sidinani (Progressistas) que já foi assessor de Saúde e é bem próximo do prefeito, criticaram a benesse para uns e não para todos.
“Eu era assessor 24 horas por dia, aí a pessoa merece ganhar bem. Agora, esses assessor meia-boca, que não fez nada e vai receber dinheiro, é difícil. Eu já tinha o salário privilegiado, na época que fui assessor. Aí vale a pena e você trabalha com vontade e recebe o que você merece”, disse Luiz.
Fogo amigo
A declaração pública de Luiz foi vista como fogo amigo no gabinete do prefeito. Para alguns assessores mais próximos, ela pode representar o sentimento de parte do grupo, mas, que não é revelado.
Aos amigos, tudo
Já o vereador Tiago Demonico (Progressistas), disse que não é contra aumento para assessores, desde que ele se empenhe e trabalhe.
“Existem aqueles que muito fazem, e a nada ganham e os que muito ganham e nada fazem. A gente vê assessores que vão ter aumento e nem sequer na prefeitura aparecem ou fazem alguma coisa. Enquanto tem assessores que vejo que estão trabalhando 24 horas por, e o pobre coitado está lá dando o sangue, e não terão aumento. Estes aumentos são para quem é do “colo” do prefeito e não para quem merece”, disse Tiago.
Acertou
O projeto do prefeito aprovado pelos vereadores não é todo ruim. Algumas alterações, como extinção de alguns cargos e funções e na criação de novas, Marcio acerta ao dar atribuições para cada uma delas.
Ele também acerta ao criar, pelo menos no papel, departamentos com estrutura administrativa e hierárquica na prefeitura.
Quem manda?
Mas também criou uma situação, no mínimo pitoresca: na Assessoria de Planejamento e Gestão, foram criadas duas vagas de Diretor II (cargo de direção com salário de R$ 5.051,72) e uma vaga de Coordenador Da Ouvidoria e E-sic (com gratificação de 50% sob o salário), que só pode ser desempenhada por servidor de carreira.
Na teoria, quem tem salário maior, tem autoridade sob quem tem salário menor. Temos então a situação conhecida: muito cacique para pouco índio.
Cartazes
Um grupo de profissionais do quadro de enfermagem da Prefeitura acompanhou a votação nesta terça-feira (20) do projeto do piso nacional.
Elas foram preparadas com cartazes para duas ocasiões: de aprovação ou rejeição. Usaram a primeira, que pediam valorização da classe. Elas não mostraram o teor em caso de rejeição.
Terrorismo
Uma delas disse ao MR Notícias que foram informadas de que ao menos três vereadores votariam contra a proposta.
Elas não disseram de onde saiu esta informação, mas a pessoa que plantou a falsa notícia, não teve bom senso que a situação pede. Elas estavam apreensivas pela rejeição da proposta, que foi aprovada por unanimidade.
Apesar de boa parte dos vereadores ser contra o aumento para algumas funções, eles não votariam contra a categoria, que durante a pandemia, correram riscos em nome do coletivo.
Fake News
Vereador que conversou com a coluna repudiou essa “fake news”. Donaldo Paiola (Democratas), por exemplo, disse que elas não questionaram ele sobre o assunto. Paiola disse que nas comissões ou informalmente, nenhum vereador se posicionou contra o piso da enfermagem.