Houve por aqui um tempo em que todo detentor de cargo público, por força do voto popular, era tido e havido como cidadão acima da lei. E isto não era exceção. Era quase uma regra. Hoje, a participação na vida cívica modificou tal conceito, em virtude do preceito constitucional da igualdade de todos perante a lei.
Nas mentes mais combativas essa participação se solidifica à medida que surgem desvios de comportamento em condutas de dirigentes que desdenham a punibilidade; e a atuação torna-se mais eficiente quando um crítico consciente faz entender, -denuncia-, a todos os segmentos da sociedade as falcatruas por eles praticadas.
Bem por isso é que se exige que uma crítica se esteie em conhecimento idôneo dos casos em pauta, respeitando sempre a noção de legalidade.
Na lei reside a força do povo, como assinalou Rui Barbosa, em memorável discurso no Senado Federal: Dentro da lei, com a lei e pela lei, vós, o povo, vós, a Nação, vós, o Brasil, sois o direito, sois a força”. (Alguma diferença entre os debates verborrágicos do atual Senado?).
Consciente dessa força, não perderá o povo a percepção isenta da forma de governar dos políticos eleitos, sem idolatrá-los como verdade absoluta!
Ninguém será alçado ao pódio de disputas políticas só por si mas pela disposição de fazer valer a pena a vida dos que lutam por um país mais justo.
Parodiando Fernando Pessoa: “VIDAS QUE VALEM A PENA, MESMO PEQUENAS”.
E o que fazer os próximos prefeitos com o caos financeiro reinante no País? Sentar-se à beira do caminho a aguardar soluções milagrosas, compactuar com empresários desonestos ou rasgar as vestes?
Sugiro diferente: dispam-se das vaidades pessoais e respeitem a comunidade, cujos interesses, em caso de conflito, deverão sobrepor-se aos seus e de eventuais correligionários. E digo mais: prudência com contratos a serem firmados com “generosos e desinteressados” doadores legais; “pobres” de virtudes e mestres em fingir altruísmo moral. Eles poderão torná-los alvos de persecuções judiciais e, se convocados para depor, afirmarão nada saber (como um certo ex-presidente da República) ou limitar-se-ão aos hipócritas “nada a declarar”!
Haveria inúmeras outras normas de comportamento para expor aos postulantes a mandatos municipais, o que não é possível no estreito espaço que me reserva o jornal.
Todavia, acho essencial bem conhecer sobre a propalada (e falaz) autonomia financeira dos Municípios. Na verdade, o que existe é uma dependência vilã ante o Poder Executivo Federal, que alimenta romarias de prefeitos à Brasília, em peregrinações de mendicância, como se fossem uma classe política subserviente, ao sabor dos humores do Palácio do Planalto.
E não há esperança – mínima que seja – de mudanças na forma administrativa do Governo Federal, o que muito agrada a senadores e deputados que dele usufruem para obter rasteiras migalhas políticas!
Em suma, disputar nos dias de hoje uma cadeira de prefeito em nosso país, ou é provocado por espírito olímpico, leia-se (AMOR À PÁTRIA), ou por concluir alguns postulantes: que a política seja, como tantos outros, também um “NEGÓCIO LUCRATIVO”,
EIS À QUESTÃO…
Robledo Morais
Parabens Dr. Robledo. Excelente ponto de vista. Infelizmente o Sistema, os os 3 Poderes, a imprensa, todos contaminados. Sem exceção. A legislação nasce com falhas, dificil tarefa para quem as executa; interpretações equivocadas destam da real finalidade, com ou sem dolo, e ainda com a possibilidade de sair impune. Aqui é Brasil. Que a cadeira mais importante de nossa cidade não seja ocupada por leviano FICHA SUJA.