VÍDEO DE MORADOR de Nipoã acusa Santa Casa de omissão de socorro

Um vídeo postado no aplicativo Kwai no dia 17 de março deste ano viralizou nesta terça-feira (26). O autor do vídeo, morador de Nipoã (SP) denunciou omissão de socorro da Santa Casa de Monte Aprazível. Link para os vídeos no final da reportagem.

De acordo com o vídeo, o pai narra que buscou atendimento para a filha de nove anos que estava com ferimentos nos pés, dor e febre e, segundo ele, a Santa Casa teria sido negado atendimento a menina.

“Porque não pode negar atendimento. Seu sou um viajante, de São Paulo, vai me negar atendimento?  Minha filha passa mal a noite, vai mandar eu ir para outra cidade?”, questiona ele.

O pai mostra um banner na parede, com a classificação de risco, alegando que a filha se enquadrava na urgência com ferimentos menores. Ele questiona a atendente da Santa Casa, perguntando o que a enfermeira decidiu.

Em alguns trechos, a música de fundo encobre o som da voz da atendente e não é possível ouvir o que ela diz ao pai. Segundo o pai, a enfermeira responsável pela triagem de pacientes disse que a criança não seria atendida.

O pai diz que vai esperar e que tem comprovante de residência de Nipoã e Monte Aprazível. Ele volta a questionar a atendente com o exemplo de que se ele estivesse visitando a cidade na casa de algum parente se ele também não seria atendido.

“Como o hospital pode negar atendimento, isso não faz sentido? Minha filha está correndo risco de infeção”, comenta.

O pai diz no vídeo que está estudando medicina que o ferimento pode se agravar e ir para corrente sanguínea e que a enfermeira não olhou o ferimento e se negou a atender criança.

Ele aguarda o atendimento e entra no corredor, próximo aos consultórios médicos. Tenta conversar com a enfermeira. Ela pede para ele se retirar e, em seguida, pede para “chamar a PM por favor”.

Durante a conversa com a enfermeira, Rafael pergunta o motivo para a chamar a polícia. Não é possível ouvir as alegações dela, mas pelo questionamento do pai, a polícia foi chamada pelo fato dele ter entrado na área dos consultórios. O pai alega que não há placas ou avisos sobre a autorização de entrada.

Morador de Nipoã, o pai alegou que não sabia que os atendimentos de emergência e urgência deveriam ser levados para a Santa Casa de José Bonifácio. Na segunda parte do vídeo, o pai conversa com os PMs foram até a Santa Casa. Um dos PMs questiona como a menina estava com os ferimentos há alguns dias, porque ela não foi levada antes? O pai respondeu que viajava muito.

Em conversa com o MR Notícias, o pai disse que após ter o atendimento negado na Santa Casa de Monte Aprazível, levou a filha a Santa Casa de Rio Preto, onde foi atendida com o diagnóstico de bicho geográfico.

Ele disse que fez ocorrência de omissão de socorro contra a enfermeira. “Sinceramente, não quero justiça. Quero que ela (enfermeira) tenha consciência do que fez, por quê ninguém escolhe onde vai passar mal. Isso pode custar uma vida”, disse.

O que diz a Santa Casa

Em contato com a reportagem do MR Notícias, Marcela Alexandre, Gestora da Santa Casa de Monte Aprazível informou que a paciente deu entrada na instituição a 1h20 da madrugada do dia 15 de março deste ano.

A criança foi atendida acompanhada da mãe na sala de triagem pela enfermeira do plantão. Marcela informou que, no prontuário de atendimento, consta que a criança não se queixava de dores e não tinha alteração nos sinais que ela tinha pequenos ferimentos em cicatrização.

Depois disso, ela foi orientada a procurar o serviço de referência conveniado com a Prefeitura de Nipoã, no caso, a Santa Casa de José Bonifácio.

Depois disso, o pai volta com a criança e exige que o atendimento fosse feito por um médico e que não sabia que estes tipos de atendimentos deveriam ser feitos na Santa Casa de José Bonifácio. Ainda segundo Marcela, o pai ofendeu as atendentes do plantão.

Quando a Polícia Militar chega a Santa Casa, segundo Marcela, a menina é avaliada novamente pela enfermeira na presença dos policiais. Perguntada se ela sentia dores, a criança disse a enfermeira que não sentia.

Classificação

Durante o vídeo, o pai da criança cita algumas vezes um quadro de classificação de risco e as prioridades de atendimento, que podem ser feitos imediatamente, nos casos em que há risco de vida do paciente como parada cardíaca, perfurações e hemorragias e até atendimentos que podem ser feitos até 2 horas após a chegada na instituição, como contusões e procedimentos simples como curativos e receitas médicas.

Protocolo de classificação de urgência e emergência

Sobre a orientação dada ao pai para procurar a instituição de referência e não ter feito o atendimento pelo médico, a Santa Casa disse que desde 31 de dezembro de 2022 não tem contrato com o município de Nipoã para fazer atendimento ambulatorial e que o caso da criança não foi classificado nos atendimentos de urgência e emergência.

O pai questiona se a enfermeira pode ou não dizer ou não classificar ou que é ou não urgência. De acordo com resolução do Conselho Federal de Enfermagem, a classificação de risco e a priorização da assistência em serviços de urgência é privativa do enfermeiro, observadas as disposições legais da profissão.

Segundo o Ministério da Saúde, a classificação usada no Brasil é o Protocolo de Manchester, que utiliza cinco cores para identificar o grau de cada paciente. Geralmente, elas são: vermelho, laranja, amarelo, verde e azul. A cor vermelha representa os casos mais graves, e a azul, os mais leves.

Vídeos
Vídeo 1
Vídeo 2

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