OPINIÃO: Precisamos de mecanismos para fazer o dinheiro circular (mais) no ano todo

A semana política foi tensa em Monte Aprazível, com pitadas de agressividade e falta de bom senso. Para quem não acompanhou, vou tentar resumir. Na terça-feira (2), após serem informados que em alguns setores da prefeitura, alguns servidores estavam afirmando que a falta de cestas básicas era culpa da Câmara, o presidente da Câmara Marcos Batista (PL) emitiu uma nota dizendo o contrário.

A nota dizia que os vereadores não são culpados pela falta de cestas-básicas para as famílias carentes e que a prefeitura tem no orçamento R$ 5,4 milhões previstos para gastar na área da Assistência Social.

No dia seguinte, o prefeito Márcio Miguel (PDS) foi até a Rádio Cidade, disse que precisava de R$ 1 milhão para compra de cestas e cobertores e que os R$ 600 mil que ele tinha eram insuficientes. Além disso, Márcio salientou que os vereadores não poderiam ter tirado os recursos do social e enviado para outras áreas.

O prefeito atacou os vereadores Ailto Faria, Tiago Demonico, Alexandre Faria e José Carlos Chiavelli, dizendo que eles estão prejudicando a população carente e disse que não tem confiança de que os vereadores aumentarão percentual de remanejamento por decretos, se ele precisar no final do ano.

Já na quinta-feira (04), os projetos para abertura de créditos para compra de cestas e também para realização de eventos foram rejeitados pelos vereadores. Os comerciantes não gostaram e principalmente, o prefeito, que na sexta-feira (05), voltou a Rádio Cidade.

Nas suas falas, explicou que tinha dinheiro, mas não tinha dotação para festas e cestas-básicas. Voltou a atacar com palavras baixas os vereadores que rejeitaram a proposta.

A dotação orçamentária é o nome que se dá ao valor disponibilizado para determinado empreendimento. Em outras palavras, trata-se de um crédito previamente aprovado pelo Poder Legislativo, que se destina a suprir alguma demanda pública, como cobrir despesas específicas relacionadas a utilização do erário.

Dito isso, vamos a análise e a crítica, não as pessoas, mas as figuras públicas.

O vereador Ailto Faria, na quinta-feira, quando justificava seu voto no projeto de abertura de créditos para compra de cestas básicas, chamou o prefeito de “bebezão de mãe, criado no colo de mãe”. Há mais de um ano, o prefeito sofre com problema de saúde, justamente de sua mãe. Errou o vereador a citar a mãe o prefeito. Talvez por isso, Márcio subiu o tom das críticas na sexta-feira.

Aprovar ou rejeitar propostas do prefeito, é do jogo. Criticar seus adversários pelas atitudes e votos também. As consequências políticas e jurídicas desses votos vêm depois. O prefeito perdeu a linha e a compostura ao usar algumas palavras para se referir a outras pessoas, como maldito, inútil, imprestáveis, vagabundos, entre outras. Pediu desculpas, mas palavras ao vento não voltam.

Além disso, perdeu a razão novamente ao discutir com moradores nas redes sociais, ao ponto de mandar uma delas lavar roupas. Para quem disse estar correndo para melhorar a cidade, brigar na internet foi uma válvula de escape para aliviar a pressão do dia-a-dia.

No caso das cestas, os vereadores erraram ao rejeitar a abertura de dotação. Se havia desconfiança, aprovassem os recursos e fiscalizassem não como uma lupa, e sim com um microscópio como os recursos estarão sendo usados, politicamente ou de outra forma e se precisarem, Ministério Público e a Justiça estão bem ao lado da Câmara para receber denúncias, investigar e se for o caso, punir.

Festas

Ao rejeitarem a abertura de créditos para realizar Juninão, Rodeio e Aviva Monte, os vereadores atraíram para si a ira dos comerciantes e aqueles que gostam de festas e, a admiração daqueles que observam a administração e o cuidado da cidade além dos evento.

Um adendo. Já estavam acertados (verbalmente) os shows de Guilherme & Benuto, Hugo & Guilherme, Ícaro & Gilmar e Bruno & Rafa. Sobre os desdobramentos do cancelamento das festas, falarei em uma próxima coluna.

Não quero aqui entrar no mérito se estavam certos ou errados. Quero ir além. Se administração pública (prefeito e vereadores) querem que a cidade prospere e tenha movimento, o caminho deve ser outro.

O vereador Tiago Demonico, sempre irônico e ácido em suas críticas, errou a dizer que não votaria pelas festas pelo fato de ter sido expulso do camarote do prefeito no rodeio. Ali, deu motivo para o prefeito e os comerciantes acusarem ele e outros vereadores de terem motivos pessoais para rejeitarem, mesmo tendo dito tantos outros fatos que pesaram na decisão do voto.

Os eventos movimentam? Sim. Mas boa parte do que é gasto para a realização (principalmente cachê de artistas) não fica na cidade. Cabeleireiros, lojas, prestadores de serviço faturam? Sim, mas são dois ou três meses. E o restante do ano? Estão resistindo bravamente e merecem todo o respeito.

O poder público deveria também se preocupar em criar mecanismos para o dinheiro circular o ano todo, e não em pequenas ondas. O Brasil vive ainda reflexos da pandemia há poucos empresários dispostos a fazer grandes investimentos.

O prefeito empregou tempo e energia nestes seis anos de mandato para ganhar do Estado de São Paulo uma área da Escola Agrícola. O máximo que conseguiu foi fincar estacas na área, mas teve que parar a pedido do Ministério Público, pois, ainda não tinha documento de posse. A missão não é fácil e até agora não conseguiu.

Poderia, paralelo ao pedido, ter feito gestão do dinheiro e comprado uma área não no início do mandato, quando assumiu após a cassação de Nelson Montoro, mas talvez depois, quando concorria à reeleição. No ano passado disse que iria comprar uma área, tomará que consiga.

Se tivesse comprado uma área, mesmo que pequena, hoje, talvez, já teria infraestrutura pronta e dando o início a distribuição para abertura de novas empresas, desde que estas empregassem um número mínimo de pessoas.

Já que a cidade busca o título de Município de Interesse Turístico (MIT), poderia construir alguns quiosques na represa Lavínio Luchesi (dentro das regras ambientais) para fomentar o turismo.

Ajudar entidades com recursos, recapear e cuidar das ruas, é um serviço constante e interminável, é como em nossa casa: aparece um problema temos que cuidar e sempre será desta forma.

Agora, não adianta sair atirando para todos os lados. É preciso ir além. Fazer o que precisa sem olhar quem será beneficiado, eleitor dele ou aquele que o critica, afinal, o dinheiro, que não é público, é do cidadão que paga impostos, seja IPTU ou na compra de uma pão francês, deve ser usado em benefício da coletividade.

Desde o início da administração, faltou ao prefeito um articulador político, que conseguisse falar com os vereadores em seu nome resolver questões, talvez fáceis. Hoje não há mais clima para conversa e nos próximos sete meses que restam de mandato (até as eleições), a tensão pode piorar. Espero que não para que o bem todos.

Para aqueles que vão se candidatar neste ano, veja o que está acontecendo agora e se eleitos, tentem não usar a mesma formula, que vimos que não funcionou.

One thought on “OPINIÃO: Precisamos de mecanismos para fazer o dinheiro circular (mais) no ano todo

  1. Não se deve esquecer que Monte Aprazível é considerada cidade ” dormitório ” entre aspas! O dinheiro de cidadãos aprazivelenses, a maior parte, circulam em S.J.do Rio Preto! É preciso considerar pessoas visionárias se quiserem fazer o dinheiro circular aqui o ano todo! E bem sabemos: Monte Aprazível tem potencial para tanto!

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